Florêncio de Almeida, também representante permanente de Angola junto das agências das Nações Unidas em Roma, fez este apelo durante um evento paralelo, que decorreu sob o tema “Renovar o compromisso com o Fundo Fiduciário de Solidariedade Africana” (ASTF, na sigla inglesa), realizada à margem da 30ª conferência regional da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) para a África, que decorre na capital sudanesa de 19 a 23 do corrente.
De acordo com uma nota de imprensa da representação diplomática de Angola em Roma, a que a Angop teve acesso, ao presidir os debates na qualidade de presidente do comité director do Fundo, enalteceu o compromisso da sua revitalização, para não deixar morrer esta primeira e louvável iniciativa africana, e que contribui de forma significativa para o alcance dos principais objectivos da Agenda 2030, no que toca à segurança alimentar e a melhoria da nutrição e da agricultura sustentável.
“Tratou-se da primeira experiência do género que ocorreu no continente africano e cabe a mim, que assumi no ano passado a presidência do Fundo, em representação do governo de Angola e dos restantes membros do comité director, a responsabilidade de conceber e viabilizar a melhor forma de recapitalizá-lo, buscando recursos, onde estejam disponíveis, em virtude do seu saldo actual ser de apenas 3 milhões de dólares”, acrescentou.
Explicou que do montante inicial (cerca de 40 milhões de dólares), foram financiados projectos no valor de 37 milhões de dólares, beneficiando programas regionais e nacionais em 40 países africanos.
O embaixador de Angola disse ainda que o comité director irá continuar a mobilizar os Governos e entidades privadas africanas, para que sejam os principais suportes do Fundo.
Nesse âmbito, explicou, o comité está a programar a realização de um fórum internacional de mobilização de recursos, junto dos Governos de países africanos e de outros de economias fortes, instituições financeiras internacionais, fundações e do sector empresarial privado, a ter lugar no ano em curso.
Referiu a propósito que no quadro do financiamento de projectos, estão a ser encaradas inovações, consubstanciadas na participação dos países beneficiários, com fundos próprios, com um mínimo de 20 por cento, do valor global do projecto a financiar pelo Fundo, bem como a mobilização de co-financiamentos a nível local e internacional.
Na sua opinião, o compromisso e o contributo de todas as partes interessadas, governamentais e não-governamentais, são essenciais para que África atinja os compromissos da Declaração de Malabo, de se acabar com a fome até 2025, bem como os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODS), em particular o ODS2 sobre a irradicação da fome, o alcance da segurança alimentar e a melhoria da nutrição e da agricultura sustentável, até 2030.
Fazendo um balanço da visita de avaliação dos projectos efectuada no mês passado ao Malawi, Camarões e Uganda, Florêncio de Almeida disse que constatou-se que os financiamentos concedidos pelo Fundo tiveram impacto positivo, ultrapassando mesmo as expectativas. “Ficamos bem impressionados com o que vimos, sobretudo, com a qualidade e a sustentabilidade dos projectos”, sublinhou.
O evento paralelo teve o objectivo de informar os participantes sobre os resultados alcançados, lições aprendidas, desafios e novas oportunidades, tendentes a criar um compromisso para a participação no fórum de mobilização de recursos para o Fundo.
O Fundo de Fiduciário de Solidariedade Africana é um mecanismo de financiamento que reúne os recursos das economias mais fortes de África para apoiar as iniciativas nacionais e regionais, contribuindo para eliminar a fome no continente africano.
A criação do Fundo ocorreu na conferência regional da FAO para África, realizada em 2012, em Brazzaville, e recebeu na altura a contribuição de 30 milhões de dólares da Guiné Equatorial e 10 milhões de Angola.